Hospital universitário

Esta é uma causa, quase um sonho, desde meio século atrás, quando Sorocaba conseguiu construir sua almejada Faculdade de Medicina, mas não conseguiu mantê-la, sendo que o prédio e instalações foram então doados à PUC-SP, que a administra até hoje.

Entretanto, sempre foi tumultuada e em vários períodos, um encargo negativo à PUC-SP, a manutenção dessa faculdade. Piores ainda foram as relações da faculdade com o Estado, construtor e mantenedor, entre más gestões e escândalos, dos hospitais públicos do entorno, o chamado Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

Em síntese, esse “casamento” entre o município, PUC-SP e o Estado nunca funcionou bem e continua de mal a pior. E quem sempre perdeu com isso foi o povo desta grande cidade e pólo regional, mal atendido, quando atendido, nos corredores da assistência à saúde, dever primordial e sagrado dos governos que se sucedem. Mas, finalmente, aparecem algumas luzes no horizonte.

O advento da Universidade de Sorocaba (Uniso) foi o primeiro lampejo. Essa escola cresceu e hoje desponta como um centro de excelência, em múltiplas disciplinas. Mas falta Medicina e outras ciências biológicas.

Acaba de tomar posse como vice-reitor da PUC-SP um excelente médico e professor desta terra, o doutor José Eduardo Martinez. Ele tem raízes e goza da confiança, atributo de sua reconhecida competência, em todos os campos em tela. O terceiro elemento de oportunidade é a recente decisão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de construir um novo hospital em território de Sorocaba, fruto de uma PPP – Parceria Público Privada, significando que será terceirizado, administrado por uma organização social, e deverá absorver a maior parte da demanda microrregional.

Tudo converge para que com a inauguração desse novo hospital regional, o atual conjunto hospitalar, todo ele, incluindo a Faculdade de Medicina, Hospital Santa Lucinda e todos os hospitais públicos do entorno possam ser terceirizados a uma outra organização social, para deixarem para trás, na história apenas, todos os insolúveis problemas de compartilhamento administrativo e dos interesses difusos naquele aglomerado.

Será o melhor para todos: melhor para o Estado, em suas novas e finalmente acertadas políticas; melhor para a PUC-SP, que finalmente poderá atuar de forma abrangente e sinérgica, tanto em ensino como pesquisa, mas também em assistência social; para o povo, nem se fale: passará a ser tratado com a dignidade que a Constituição sempre lhe conferiu, mas os maus governos e maus governantes sempre lhe negaram.

Sei que o atual prefeito da cidade é simpático a esta proposta. Caso tudo isso dê certo e venha ao mundo real, já será muito melhor com a PUC-SP. Mas isso poderá ficar perfeito, se ao invés disso, a nossa Uniso encampar ela mesma, sozinha, todo o empreendimento.