27 de junho de 2013
Reforma sim, mas consistente e honesta
Acredito que diante dos últimos acontecimentos em nosso país, todos nós precisamos ter o direito de, livremente, expor nossa opinião, nossa revolta, nossos anseios. O problema é que nem todas as pessoas se informam sobre as bandeiras que levantam. E isso nos faz fracos. Fracos como cidadãos.
Foi realmente surpreendente ver gente na rua, exigindo direitos. Isso porque eu costumava dizer que, de um modo geral, grande parte da população é analfabeta em direitos, ou, ao menos, desinteressada. Costumava dizer, também, que o Governo que temos é o mais perfeito reflexo do que somos. O brasileiro acostumou-se a viver a “Lei de Gérson”. Pessoas que se dizem esclarecidas e intelectualizadas furam fila, trocam votos por favores, dão um jeitinho ali e outro acolá para satisfazer as suas necessidades, oferecem um “cafezinho” para o Sr. Guarda, colam na prova da faculdade… E são essas pessoas que, hoje, levantam bandeiras.
Longe de mim defender o Governo. Tenho uma lista enorme de críticas! Mas me dou ao luxo de dizer: eu posso criticar. Afinal, eu SEI o nome de quem eu votei em todas as eleições de que participei durante a vida. Eu acompanho política. Eu respiro política. Assim como todos os demais brasileiros (acreditem!). Política faz parte da vida. Fico extremamente feliz em constatar que, de repente, discutir política passou a ser normal. Ou será que só era normal discutir política durante a semana das manifestações??
Essa é minha grande preocupação. Não podemos ser cidadãos politizados durante uma semana do ano, durante um mês do ano. Precisamos entender que a política rege todas as decisões mais relevantes do nosso dia-a-dia.
Já ouvi muita gente dizer que, no momento da eleição, vota naquele que está em primeiro lugar para não perder o voto. Oi?? Perder o voto?? Perder o voto é justamente votar por votar, sem consciência da magnitude desse ato. Eleger o Tiririca não é forma de protesto!
Eis que, deixado de lado este primeiro desabafo, pessoas foram, de fato, às ruas lutar por direitos. Acho importante. Mas é necessário definir as exigências!!! Uma manifestação que reclama de absolutamente tudo, perde seu foco (e é o que vem ocorrendo). A manifestação pela redução do preço da passagem de ônibus, sim, tinha foco. Conquistado o objetivo. E agora? Vamos sair às ruas exigindo o quê? O Brasil tem tantos problemas… como exigir o conserto de tudo?
Acredito que a Presidenta tenha se assustado com os gritos à sua porta. No entanto, hoje, é a Presidenta que me assusta com suas propostas e soluções.
Trazer médicos de Cuba? Oi?? Estou ficando louca?? A coisa está ficando séria. Imaginem. Nossos médicos já não recebem qualquer incentivo para se especializarem, não possuem estrutura mínima de trabalho nos serviços públicos… e os de Cuba?? Eles são supersônicos por acaso? Vão desembarcar no Brasil trazendo consigo estrutura, hospitais, suturas, remédios?? Ah! Eles falam português??? Pergunto isso, porque já é difícil que um paciente doente consiga se expressar com clareza para um médico que fala português… imaginem para um doutor que sequer entende a raiz do nosso problema??
Achei que já tinha ouvido o maior dos absurdos… estava tentando digerir tamanha bobagem. Eis que ontem… no meio de uma tarde chuvosa, no momento em que a população deste país labuta, a nossa Presidenta resolve fazer novas propostas em rede nacional.
Alguém me explica… em que momento a Constituição da República de 1988 deixou de ter validade??????????
Fiquei muito preocupada. Até ontem, eu tinha absoluta certeza de que os preceitos constitucionais mais básicos regiam o nosso país e seu respectivo Governo. Passei a ter sérias dúvidas.
Que uma reforma política é necessária, creio que não haja qualquer dúvida. Mas o caminho proposto pela Dona Presidenta cheira a golpe de Estado.
A reforma política, no nosso país, só pode ser realizada através de Emenda à Constituição. Foi assim com a reforma do Judiciário, foi assim com a reforma da Previdência.
A Presidenta, no entanto, certamente orientada por seu fiel escudeiro, o tal do Lula, propõe a convocação de uma Assembleia Constituinte Específica. Oi??? Estou surtando??
Tal ideia não encontra respaldo em nosso texto constitucional. E precisamos ressaltar que a nossa Constituição de 1988, apesar de ter poucos anos de idade, é a mais sólida de toda a nossa História. Permitir a convocação de uma Assembleia Constituinte Específica é deixar o Brasil a um passo de um golpe de Estado, é deixar o Brasil a um passo de ver enterrada a Constituição Cidadã.
Temos, hoje, instituições legítimas e consolidadas que não podem se submeter a propostas oportunistas como essa. Precisamos OBSERVAR a Constituição que nós já temos e seguir seus preceitos.
O grande problema é que as regras não são colocadas em prática. Não estão sendo observadas pela nossa própria Presidenta, que se sente no direito de passar por cima de um documento consolidado e propor uma medida totalitária.
A Presidente não “resolveu se mexer” e ouvir os anseios da população. Ela, ao contrário, resolveu propor um golpe de Estado através de plebiscito.
Não podemos permitir que o nosso Brasil retroceda ao tempo da ditadura, ao tempo da mordaça. Lutamos tanto por liberdade!! Na semana passada, milhões de cidadãos foram às ruas justamente porque a eles é garantido o direito de manifestação, o direito de livre expressão, o direito de participação. Queremos que a Dona Dilma acabe com isso tudo??
Convocar uma Assembleia Constituinte específica é ANIQUILAR a Constituição da República, que é, hoje, a maior arma do povo brasileiro.
E isso, minha gente, implica em muita coisa na vida de cada um de nós. Por isso, eu comecei dizendo que a informação é o que temos de mais importante neste momento.
Um golpe de Estado pode aniquilar nossa liberdade, pode confiscar o fruto do seu trabalho, pode levar o Brasil para muito longe do que temos hoje.
Problemas gravíssimos na área da saúde e educação, nós temos. A violência cresce vertiginosamente. A corrupção existe. Mas a convocação de uma Assembleia Constituinte Específica, com toda certeza, não irá resolver nenhum destes problemas. É uma forma da Presidenta varrer os gritos e anseios do povo para debaixo do tapete e calar a voz de cada um de nós.
Juliana Marangoni Crespo Angelucci
Cidadã brasileira e Advogada militante
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2 comentários:
E o funcionalismo Crespo votei e voto no senhor mais sou técnica de enfermagem e não recebemos um aumento fomos cortados ou melhor vetaram nosso aumento na câmara, sabe para ganhar um pouco a mais me sujeito a jornadas exaustivas de trabalho deixando família e lazer para trás e agora vem o prefeito e faz mais essa corta as poucas horas extras que podemos fazer.
Agora arcar com a hora extra da policia militar que e do Estado pode?
Gostaria que representasse a categoria ai na Câmara que repassasse aos Edis a nossa insatisfação perante aos últimos acontecimentos e te digo pela insatisfação da categoria podemos parar a qualquer momento.
Compreendo e concordo com sua revolta, "Anônimo".
Os vereadores não temos poder para corrigir essas distorções.
Será necessária uma mobiização da categoria.
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