24 de março de 2010
Acabar com o Feirão é mau.
Está na ordem-do-dia da sessão legislativa de amanhã dia 25 de Março, o projeto-de-lei 98/2010 de autoria do senhor prefeito Vitor Lippi, solicitando autorização dos vereadores para que a Prefeitura doe todo o "Feirão do Mangal", ao longo da Rua José Miguel, para o SESI - Serviço Social da Indústria.
O SESI, realmente, é uma instituição modelar que muitos benefícios tem trazido, desde 1946, para o Brasil e especialmente para as cidades industriais, como Sorocaba.
Quando o CAT - Centro de Atividades para o Trabalhador, foi construído, nos anos sessenta, na confluência das Ruas Gustavo Teixeira com a Duque de Caxias, por José Crespo Gonzales e Armando Pannunzio, isso representou uma grande conquista para Sorocaba.
O "Feirão dos Produtores" foi criado ao lado desse CAT, ocupando uma área enorme, que depois foi parcialmente doada para que o SESI construísse, numa ampliação, uma Creche.
Mas a área que "sobrou" continuou sendo suficiente para as atividades dos Produtores (aos sábados), e aos domingos passou a abrigar o Feirão dos Automóveis, administrado pelos Rotary Clubes da cidade. E durante os dias da semana, as moto-escolas utilizam e espaço para o treinamento dos novos pilotos.
Essas são as ocupações permanentes, mas esporadicamente aquele nobre espaço é requisitado e emprestado para outros tipos de eventos, de interesse público.
Agora, na "calada da noite", sem aviso prévio e muito menos audiências ou diálogo com a comunidade, nem mesmo com os grupos que utilizam e necessitam daquele espaço, o prefeito enviou o malfadado PL 98 à Câmara, na esperança que uma bancada adesista o aprovasse "batido".
Mas isso não está acontecendo, graças aos Rotary Clubes, que reagiram prontamente e estiveram na sessão da Câmara em 23 de Março, ocupando a Tribuna para reclamar esse desrespeito, o que fez eco em quase todos os vereadores.
De pronto, ao microfone, Crespo também manifestou a sua indignação e mais do que isso, solicitou ao líder do prefeito, o vereador Paulo Mendes, que retire da pauta esse projeto e somente o recoloque se e quando houver um consenso da prefeitura com todos os grupos de usuários do local; nesse caso, o ponto é "se não for ali, para onde irão essas atividades, em lugar próximo e equivalente?"
Crespo estudou melhor esse assunto nos últimos dias e deseja agora, e durante a sessão de amanhã, tecer os seguintes comentários:
a) Não há lugar próximo e equivalente para acomodar as atividades que hoje ocorrem no Feirão;
b) Já que o SESI pretende investir dinheiro e ampliar suas instalações em Sorocaba, o que é ótimo e louvável, e portanto está pedindo um terreno próximo ao CAT, devemos apoiar e colaborar com isso;
c) Existem dois terrenos particulares, mais próximos do CAT, um deles contíguo, que se desapropriados pela Prefeitura, representarão uma área equivalente à do Feirão: um deles na Rua Barão de Cotegipe e o outro na esquina da Rua Duque de Caxias com a Rua José Miguel. São latifúndios urbanos sem aproveitamento social, criando mato, lixo e bichos contra a vizinhança;
d) Dentro das atuais instalações do CAT, existem duas áreas ociosas que podem ser aproveitadas no projeto físico e urbanístico para acrescentar solo útil: o estacionamento de veículos (que pode ser subterrâneo) e as antigas quadras descobertas de esportes (que foram destruídas e o solo está nu);
e) O Feirão do Mangal foi recapeado e "revitalizado" recentemente, o que significa que esse investimento (do contribuinte municipal) será perdido, pois tudo vai ser arrancado para as construções do SESI;
f) Uma construção do SESI no Feirão, considerando a existência da Creche, será uma descontinuidade física bem maior do que solução defendida agora por Crespo, na letra "c" acima.
Diante disso, concluímos facilmente que a única vantagem da Prefeitura doar o Feirão e não desapropriar os terrenos alternativos, é que de imediato ela nada gastará - mas essa "vantagem" é ridicula diante do bom orçamento (mais de Bilhão) que Sorocaba tem, e do perpétuo prejuízo social de perdermos aquela rara (e tradicional) área de eventos comunitários.
"Essas alternativas estão lá, na cara de qualquer um que passe pelas ruas vizinhas ao SESI; é alarmante o descaso e a negligência das assessorias que levam o prefeito a propor algo tão nefasto para a cidade, e de uma forma tão anti-democrática", afirma Crespo.
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