1 de novembro de 2013

Câmbio com o dinheiro do povo


“Embratur vai abrir mais escritórios no exterior”. Essa foi a manchete distribuída à imprensa pela Agência Brasil, no último dia 29, referindo-se ao desejo do governo brasileiro em levar - a 13 países de forma terceirizada - informações relacionadas à nossa terra e, consequentemente, o que fazemos em termos culturais, econômicos e, claro, os variados e belíssimos lugares para se visitar aqui.

Pois bem. Que o Brasil é uma potência cultural, turística e emergente, economicamente falando, ninguém duvida. A questão é outra: pode um país cuja inflação sobe a cada dia, cuja moradia não atende a todos, cuja precariedade na saúde motiva o noticiário diariamente e a corrupção permanece arraigada visceralmente, abrir escritórios do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) no exterior?

Por analogia, sim! Por competência, não! E explico o por quê. Primeiro, o Brasil é um país mais que divulgado no globo terrestre. Segundo, não podemos esconder informações de extrema importância ao cenário mundial.

Será que o governo brasileiro informará, principalmente, que nos momentos antecedentes à Copa do Mundo e próximo de uma eleição nacional, não temos conseguido combater o crime organizado; que falta estrutura viária; que provimos o caos no espaço aéreo brasileiro, citando a precariedade dos aeroportos; que os Black Blocs imperam a violência e o terror nas principais capitais do País, e que o Sistema Único de Saúde (SUS) nem frágil está mais, mas totalmente dilacerado?

É possível esconder os problemas que enfrentamos, mostrando ao mundo uma realidade completamente diferente? A Agência Brasil divulga que os 13 novos escritórios no exterior custarão aos cofres públicos a bagatela de R$ 7,5 milhões por ano. Você, contribuinte, acha isso justo e coerente?

Independente de partido ou conjuntura política, expresso, aqui, meu descontentamento com essa posição governamental. Terceirizar um serviço desnecessário ao povo é tratar com desfaçatez quem clama por justiça social, melhorias e dignidade. Que nossos olhos permaneçam abertos e atentos – sempre – no combate à corrupção.

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