8 de junho de 2010

Crespo protocola Relatório Divergente da CPI

Na 3a. feira dia 8 de Junho, conforme tinha afirmado, Crespo protocolou na Câmara um Relatório Divergente da CPI dos Transportes.
Conheçam abaixo quais são as irregularidades descobertas pela CPI, mas que foram escamoteadas do Relatório "Oficial":
01. A Urbes tinha conhecimento, pelo menos desde 2005, de que a TCS estava descumprindo obrigações tributárias, e não tomou providências eficazes a respeito (carta de Neusa de Sousa, em 2005, e endosso ao empréstimo de R$22 milhões tomados pela TCS no Banco BIC);
02. O sistema de caixa-único não apenas faculta, mas exige, que a Urbes tenha acesso permanente à contabilidade das operadoras, o que a Urbes não fez durante os últimos anos;
03. A Urbes aceitou a transferência do setor financeiro da TCS de Sorocaba para uma outra empresa do mesmo proprietário, em São José dos Campos, o que era inaceitável;
04. Em razão da queda na demanda de passageiros, ocorrida em 2003 e anos seguintes, a Urbes passou a desrespeitar o próprio regulamento do transporte no tocante à idade da frota, proibindo a renovação dos carros, o que deu início ao processo de inadimplência da TCS (o que a Urbes deveria ter feito é adequar a demanda menor com uma redução de frota compatível com a mesma taxa de ocupação, de 6 passageiros por m2); o "realinhamento" feito tardiamente foi a prova de que aUrbes contribuiu para o agravamento da situação da TCS;
05. A Urbes permitiu que, durante algum tempo, motoristas da TCS e da STU dirigissem veículos doados daquelas empresas para a Prefeitura (caminhão de som e ônibus da mulher), os salários deles sendo pagos pelo caixa-único (portanto, pagos pelos usuários do sistema);
06. A "comissão especial" designada pela Portaria 30/2008 para a investigação e apontamento das causas e responsabilidades que levaram à intervenção, não realizou esse trabalho a contento, talvez porque boa parte das causas e responsabilidades recairiam sobre a própria Urbes;
07. A Urbes não cumpriu o prazo de 24 meses determinado pelo Plano Diretor e que venceu em junho de 2009, para a elaboração do Plano Integrado de Transportes Urbanos; na verdade até hoje ela nem sequer deu início a esse Plano;
08. A Urbes nunca cumpriu a lei municipal 4.489/94, que determina o funcionamento do Conselho Municipal de Transportes para auxiliar no debate e definição das políticas públicas;
09. A Urbes reduziu para menos da metade o quadro de fiscais que atuam sobre a operação do sistema, sendo que atualmente existem apenas 9 para atuar em três turnos;
10. Na atual licitação para a escolha da sucessora da TCS, a Urbes está exigindo uma "valor de outorga" que vai onerar a tarifa paga pelo usuário durante todo o contrato, constituindo-se, na verdade, em mais um imposto e cobrado dos usuários;
11. Embora a possibilidade de monopólio na operação do sistema seja proibida pela lei municipal 6.529/2002, a Urbes passou a adotar uma absurda interpretação de que "não há monopólio se duas empresas possuírem CNPJ's diferentes, mesmo que o dono seja o mesmo";
12. Embora tivesse se comprometido a exigir uma frota totalmente nova da empresa que vier a suceder a TCS, no Edital publicado em 23/12/2009 a Urbes admitiu que a "nova" frota poderá começar a operar com ônibus velhos, com idade média de 3 anos (e portanto, com carros de até 6 anos de uso, ou mais);
13. Embora o transporte especial para pessoas portadoras de deficiências seja um serviço prioritário, a Urbes não está investindo o suficiente para atender essa demanda, sendo que existem pelo menos 100 pessoas já solicitadas pela SECID, sem atendimento;
14. Embora tenha um corpo técnico próprio bem qualificado, a Urbes tem usado e abusado da contratação de empresas de consultorias, até para serviços básicos como definição de itinerários e de pontos de parada dos ônibus;
15. No edital da atual licitação para a escolha da empresa sucessora da TCS, a Urbes utilizou incorretamente a classificação GEIPOT de ônibus "Padron", para carros que não terão nem motor traseiro nem suspensão pneumática;
16. A Urbes remunerou preços muito discrepantes entre si, na planilha com as operadoras, para o insumo "óleo diesel", chegando até mesmo a aceitar que as operadoras comprassem esse combustível de atravessadores, sendo que foi o sistema e em última análise os usuários, quem pagou a mais;
17. Embora a lei municipal 3.115/1989 proíba isso, a Urbes tem utilizado os recursos do FMT - Fundo de Melhorias do Transporte, para a construção de obras civis que deveriam ser custeadas pelo orçamento municipal;
18. A evasão nas catracas não vem sendo eficazmente combatida pela Urbes, sendo esse um dos fatores do desequilíbrio financeiro do sistema;
19. Existe um grave desequilíbrio financeiro no sistema, ocasionado principalmente pela queda na demanda, pela evasão nas catracas, pela politicagem das gratuidades e descontos sem os devidos repasses orçamentários e pela falta de uma revisão completa de frota x itinerários x terminais, que leve a uma distribuição mais racional e econômica;
20. Os usuários nunca estiveram representados em qualquer negociação de greves, aumento de benefícios e outros gastos que os afetam diretamente, chegando ao ponto dos dias parados serem pagos por eles e até o café da manhã servido nas empresas operadoras;
21. Embora isso seja determinado na lei municipal 3.115/1989, até hoje o FMT não tem personalidade jurídica nem conta bancária próprias.
É pouco?
Mas nas conclusões do Relatório "Oficial", do vereador Carlos Cezar da Silva, tudo isso foi omitido, constando (é de pasmar) que "não foi apurada qualquer irregularidade na gestão do sistema de transporte coletivo do município por ato ou omissão da administração pública direta ou da Urbes".
Uma conclusão dessas, contrariando os elementos de prova e até confissões registradas nas oitivas dos Diretores da Urbes e nos documentos recebidos pela CPI, merece total repúdio e macula a credibilidade dos trabalhos realizados.
Se a intenção era obscurecer a Verdade, Carlos Cezar poderia (pelo menos) ter sido mais sutil.
A Câmara se apequenou.

4 comentários:

Eloisa disse...

Vereador Crespo, é lamentável constatar mais um fato tratado com tanto descaso pelos vereadores que trabalharam nessa CPI. Trata-se de um despudor acintoso e uma ofensa ao cidadão sorocabano. Lamentável também que não tenhamos outro vereador como você, comprometido com a honra, transparência e fidelidade para com a verdade e para com o povo.
Lamentável que o povo esteja "anestesiado"; que nossa OAB, nossa promotoria, nossa justiça, estejam totalmente silenciosos e inertes de atitudes contra questões que contrariam a legitimidade do direito do ser humano e que ofendem e prejudicam todo um povo! Que nossa imprensa cale-se, negando ao povo o conhecimento de tais descalabros evitando a conscientização do eleitor que irá (com toda certeza) reeleger pessoas desqualificadas para nos representar.

Acorda e grita Sorocaba!

Vereador Crespo, a Câmara "se apequenou" sim, MAIS UM POUCO, pois desde muito (infelizmente) nossos parlamentares sujeitam-se às vontades de quem ocupa um posto no alto do Executivo esquecendo-se que ali foram colocados para REPRESENTAR O POVO!
Pergunto-me: "O que será de nós Sorocabanos quando você, eleito deputado, deixar nossa Câmara?"
Pergunto-me ainda: "quando nosso povo vai acordar?" E depois ainda temos que nos entristecer vendo alguém vir aqui e, num ato de total ignorância atribuir "ditadura" à quem está trabalhando!

Parabéns Crespo e obrigada, por sua coragem e honradez quando negou-se, mais uma vez, a compactuar com um fato tão vergonhoso e deprimente!

Jorge disse...

Boa tarde Crespo, gostaria de saber se nao teria como vc fazer alguma coisa la camara para tentar evitar esse aumento do passe de onibus que ira ocorrer no dia 19. o preço do passe ja é um roubo e agora querem aumentar, a urbes alega que foi por causa da greve dos motoristas e da "qualidade", gostaria que vc perguntasse ao presidente da urbes qual é essa "qualidade" pois em sorocaba só tem onibus de segunda linha e quem sofre com isso são os passageiros.
E se nós população de sorocaba fizesse uma passeata em frente a prefeitura poderia adiantar de alguma coisa?

Crespo disse...

Prezado Jorge,
Infelizmente os aumentos de tarifa, incluindo a de ônibus, não passam pela Câmara (o prefeito decide sozinho).
Realmente, é lamentável que, mais uma vez, em vez de negociar melhor com o sindicato dos motoristas, Vitor Lippi tenha preferido jogar a solução na costa dos usuários.
O transporte de Sorocaba já é um dos mais caros do Brasil, com uma qualidade que diminui a cada dia.

Mário disse...

Crespo, meus parabéns novamente...
...acho que agora o sorocabano vai acordar e perceber que está sendo passado p/ trás.
Quanto a frota, continua batendo na mesma tecla, está DEFASADA, DESCONFORTÁVEL E MEDÍOCRE.
Principalmente no caso da STU.
Abraços.